Algo a havia despertado... Não sabia bem o quê! Abrira os olhos mas não fora capaz de se levantar... Estava tão confortável enrolada no calor dos seus cobertores!
«Sonhei contigo esta noite!», pensou e imediatamente sorriu. Mesmo em sonhos ele conseguia fazê-la sorrir! «Não me lembro bem o que sonhei, mas sei que estavas lá!», e mais uma vez voltou a sorrir.
Era inexplicável a felicidade que ele lhe conseguia trazer, mesmo na ausência da presença física. Pouco mais era necessário do que a ténue recordação dos momentos agradáveis que tinha passado na sua companhia para se sentir mais feliz, acarinhada e importante... para se sentir mais ela...
Construía inúmeras fantasias, sempre acompanhadas de um suspiro profundo, que representavam a existência 'daquela' esperança... a esperança que um dia ele a 'visse' tal como ela o 'via' a ele! Eram, por vezes, sufocantes os momentos em que ansiava por uma pequena atenção, um pequeno carinho, um leve sinal de apreço... porque ele teimava em não aparecer! Era então que, num instante, se sentia explodir num misto de lágrimas e de fúria! Sentia que gritava em alto som e que era capaz de derrubar o que quer que fosse! E depois reparava que não era nada disso... Era apenas uma desilusão e uma tristeza, que a assomavam e que ela reprimia e guardava para si própria, junto de todas as outras.
«Um dia... um dia já não vou pensar mais em ti! Já não te vou querer e deixarei de desejar ouvir a tua voz do outro lado do telefone ou de sentir o teu perfume! Um dia... Um dia não serás mais para mim do que uma carinhosa recordação!...»
E, um dia... Ela acordou e sorriu... Mas não sonhara com ele!